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4 de outubro, 2018

Leonardo de Sales conta como uma experiência de trabalho voluntário o aproximou dos animais.

Sou o Leonardo de Sales, frequento o 8.º ano na Escola Cidade de Castelo Branco e tenho 13 anos. Gostaria de partilhar a experiência de voluntariado que tive a oportunidade de vivenciar durante estas férias de verão. A partir do mês de julho, iniciei o voluntariado no Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens – CERAS, que é um projeto gerido pelo núcleo regional de Castelo Branco da Quercus, com o apoio da Escola Superior Agrária de Castelo Branco (ESA).

A QUERCUS – Associação Nacional de Conservação da Natureza (ANCN) é uma organização não-governamental, que tem como objetivo a conservação e preservação da natureza e dos recursos naturais, assente numa perspetiva de desenvolvimento sustentado, existindo desde 1985.

O CERAS tem como principal objetivo recuperar animais selvagens debilitados e devolvê-los ao seu meio natural. Foi fundado em fevereiro de 1999, quando recebeu o seu primeiro animal, um mocho galego. Todos os anos recebe centenas de animais, em média, cerca de 150, que necessitam de ajuda. A taxa de recuperação média é de 60% de animais devolvidos à natureza.

As suas instalações estão maioritariamente direcionadas para aves, dado que este é o grupo faunístico com mais registos de entrada no centro de recuperação. O Ceras funciona exclusivamente com trabalho voluntário desde 1998.

Atualmente, as principais infraestruturas são uma enfermaria, o internamento, as câmaras de recuperação, as câmaras de muda, os túneis de voo, o biotério, as arrecadações e, por fim, a zona de lavagem e preparação de alimentação. Na enfermaria, avaliam-se e fazem-se os tratamentos veterinários dos animais. O internamento consiste numa sala com aquecimento e controle de luminosidade, onde se podem acolher animais em três caixas de grande dimensão e duas de pequena dimensão. Aqui, são colocados animais que necessitam de isolamento ou restrição de movimentos, para tratamento ou observação. As câmaras de recuperação são pequenos compartimentos exteriores, construídos em cimento. Estas instalações permitem vigiar os animais, mantendo-os em situação de repouso. Destinam-se a animais que não necessitam de aquecimento, nem de tratamentos continuados e que já se alimentam sozinhos. Por vezes, também são utilizados como quarentena para animais de grande porte, como os grifos. As câmaras de muda consistem em compartimentos exteriores de média dimensão, revestidos a rede. Destinam-se a animais que não estejam imobilizados, que não necessitem de tratamentos e que se alimentem autonomamente, permitindo-lhes uma maior estimulação que as câmaras de recuperação e, em alguns casos, iniciar o treino do voo. Os túneis de voo são instalações exteriores de grande dimensão, revestidas a rede e que se destinam aos animais em fase final de recuperação. Aí, estes podem exercitar o voo e a caça em condições semelhantes às que encontram na natureza. Destaca-se um túnel com 25 m x 30 m e 10 m de altura, que permite voo circular, mesmo a aves de grande porte como abutres e cegonhas. O biotério é um compartimento destinado à produção de alimentação viva para os animais em recuperação, como por exemplo, ratos. Na arrecadação, encontram-se armazenados diversos materiais de manutenção e construção e ainda quatro arcas congeladoras (duas com alimentos congelados e duas com cadáveres e amostras).

O CERAS utiliza, ainda, um conjunto de instalações e equipamentos da ESA (Escola Superior Agrária), nomeadamente laboratórios, sala de necropsia, auditórios, autocarros, etc.

De julho até início de setembro, fiz voluntariado no CERAS, duas vezes por semana, às vezes de manhã, outras de tarde. Aí, tive oportunidade de passar umas férias diferentes e úteis, em contacto com a natureza. Aprendi muitas coisas e conheci pessoas de diversas idades, profissões e nacionalidades. Tive oportunidade de fazer coisas que nunca me imaginei a fazer, como dar de comer a andorinhas, pardais, corujas, grifos, corvos, um filhote de veado, “o Bambi”; participar e observar uma necropsia a um peneireiro (uma necropsia é uma espécie de autópsia); pegar em ratos, libertar uma andorinha com as minhas próprias mãos e participar noutras libertações, uma das quais foi até filmada pela CMTV. Esta foi, sem dúvida, uma experiência fora do habitual, inesquecível e que recomendo a todos.

O Dia Mundial do Animal comemora-se no dia 4 de outubro e a minha experiência em tudo se relaciona com esta celebração. Esta data foi escolhida em 1931, durante uma convenção de ecologistas em Florença. A escolha teve em conta o facto de o dia 4 de outubro ser o dia de São Francisco de Assis, o santo padroeiro dos animais.

Leonardo Selidónio Lopes de Sales, n.º 12, 8.º D - CCB